Nas produções artísticas americanas para cinema e televisão, principalmente nas mais populares, há sempre um papel para um negro, podem reparar. Esse negro que a gente sempre vê é o Negro Obrigatório, que nada mais é do que uma forma do ator negro aparecer, de ganhar uma grana. É bem verdade que se tiver que sumir, ser o palhaço da turma ou até mesmo morrer alguém da trama, tá lá o negro obrigatório pra assumir o papel de sumido, palhaço, morto. Se der sorte o personagem negro pode não morrer, mas não vai se desenvolver, vai ficar amarrado, até meio sem sentido.
Puxando pela memória vem logo o seriado Smallville, que tinha o papel forçado do Pete Ross (Sam Jones III). O que aconteceu com o negrinho?! Sumiu, sabia demais.
Muito provavelmente devem matar ou fazer o papel do negro ser o mais otário em resposta a essa obrigatoriedade, daí se ter também por lá, produções de filmes e seriados só de negros onde estes podem ser protagonistas, serem ricos, enfim, mostrarem seu valor de forma digna, sem tomar chá de sumiço antes do final da história.
Quem não sabia do Negro Obrigatório, tenho certeza que agora vai se ligar mais no que acontece de fato em tudo quanto é filme por aí. Aquele negão que aparece no meio dos brancos fazendo micagem, tá ali na obrigatoriedade e vai sair de cena fazendo todo mundo rir de tão bobo que é, ou tendo a morte mais horrível possível, é só aguardar.
Aqui no Brasil eu não sei se tem essa lei da obrigatoriedade do negro nas produções artísticas, muito provavelmente não, afinal de contas pra se colocar na universidade já gera uma polêmica, uma dificuldade, imagina pra trabalhar no cinema, na televisão. Mas vamos aqui fazer um exercício, imaginemos que passe a existir a lei do Negro Obrigatório no Brasil, quantas famílias terão empregadas nas novelas brasileiras?! Quantos marginais de cara preta, serão necessários para se atingir a cota da obrigatoriedade?!
A novela que “representa” tão bem a realidade da sociedade em nosso país, vai passar a ser mais “realista” ainda. Será a novela o retrato “fiel” de um Brasil, onde todo branco independente de classe social terá empregada doméstica e onde todo o “pretume” será exemplarmente castigado.
Ouvindo: The Fact is (I Need you) - Jill Scott (Beautifully Human: Words and Sounds Vol. 2)